domingo, agosto 13, 2006

"Os Cordeirinhos"

I - Queimando o cordeirinho:
Alvo como o dia pululava o cordeirinho por entre os pastos verdejantes da planície palestina. O sol brilhava lindamente naquele dia e o cordeirinho parou para saciar a sua sede em um olho d’água que jorrava água como o mar. Água mais límpida como a da mais pura fonte.
Nesse ínterim, um fervoroso crente se apoderou do pobre cordeirinho e cortou-lhe a água doce como cristal, o dia ensolarado, os pastos verdejantes, sua prática de existência e atirou-o aos deuses em um sacrifício.
II - A vingança dos cordeirinhos:
Escolheram logo o mais rechonchudinho dentre os homens vistos nas cercanias das planícies verdejantes nas proximidades do olho d’água e os vários cordeirinhos amarraram o gordinho com as mãos em cima de uma pedra, sagrada para os cordeirinhos, e começaram a espancar-lhe os dedos com seus cascos até quando eles, os dedos, ficaram homogêneos com a Grande Pedra, agora vermelha e gordurosa.
Saciada da sede que lhe afligia a Pedra inspirou os cordeirinhos a descascarem o homem em pancadas com seus cascos em cima de uma pedra muito maior.
Mas houve algumas dificuldades: 1° a outra pedra era muita maior; 2° o gordinho se remexia muito com cada cascada; 3° ele gritava coisas e coisas numa língua estranha; 4° assim deixava os cordeirinhos muito furiosos. Mas tudo ficou mais fácil quando os ossos começaram a se partir; principalmente quando o homem aceitou sua pedra e cessou de falar. Os cordeirinhos perceberam que poderiam saciar a sede de todas as pedras.
Os cordeirinhos não pararam mais; foram atrás de mais e mais homens para difundir sua pintura, sua mais refinada arte do contraste entre o verde e o vermelho das pedras nas planícies verdejantes. Os cordeirinhos tornaram-se grandes estetas.
Escritos do Jovem Anísio

Nenhum comentário:

Postar um comentário