Nunca visitei um campo de concentração. Eis que surgiu uma oportunidade. Alguns conhecidos já haviam me advertido da atmosfera pesada e opressiva desses lugares. A visita a uma casa da Gestapo (NS Dokumentationszentrum) em Colônia já tinha produzido em mim um profundo pesar e amargor após três horas de informações sobre a inumanidade do humano. Difícil de acreditar.
Sachsenhausen produziu algo semelhante. Mas dessa vez o que mais me incomodou não foi apenas o lugar e os crimes ali cometidos. Foi a indiferença de visitantes – turistas como eu – que conversavam alegremente e posavam para fotos. O memorial judeu em Berlim já havia deixado essa mesma inquietude, quando turistas italianos – e não somente eles – corriam, deitavam e sorriam nos blocos de concreto que estavam lá com o propósito de reflexão. A banalização do mal que H. Arendt apregoou como marca dos anos daquela guerra está presente. Talvez nunca tenha deixado de existir. Mesmo antes da guerra que mostrou do que os seres humanos seriam capazes de fazer a seus semelhantes.