sábado, dezembro 20, 2008


Uma Festa Para Deuses

O reinado de Momo mais uma vez se anuncia. E nós, devotos de Dionísio, temos o prazer (e que prazer!) de anunciar a nossa primeira empreitada religiosa neste fim de ano.

O espírito natalino vai fazer nevar confetes e serpentinas em Olinda.

É chegada a Micareta do Sobrecú!!!

Dia 27/12/08 às 16h16 no Quintal do Rossi, em Olinda (ao lado da Pitombeira)

Presença das Orquestras Virutozzy Sobrecú e Browniana.
Passagem para o Olimpo: R$ 4,00

A festa é intimista, mas chamem os ainda não íntimos também.

Leve seu instrumento (musical) e participe de nossa grande Jam Session.

Favor divulgar aos deuses que você conhece!

SOBRECÚ: UMA FESTA PARA DEUSES (Alguns maiores e outros menores... do que você.)

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Mais um objeto cai em cima de um transeunte


Registrou-se ontem na delegacia do IPSEP, que mais um objeto caiu em um passante. Fenômeno repetido e ainda sem explicação, pois, o passante alegou estar sozinho numa praça, e que o objeto, simplesmente, caiu em sua cabeça. O objeto foi imediatamente apreendido pela polícia e levado a inquérito, posto que, é o terceiro caso de objetos (que a polícia prefere não revelar a natureza) não identificados que caem em passantes. A população começa a entrar em um estado de animosidade geral, rogando às autoridades competentes a solução de tal mistério. As autoridades informaram a redação que não sabem ainda de quem é a competência de tal crime, e nem se trata-se, de fato, de um crime.


O fato é que o caso permanece em suspenso e os viandantes tentam se proteger com guarda-chuvas mesmo a luz mais intensa do dia. O passante (que também preferiu não se identificar) fora atendido no HR. Segundo os médicos não corre risco de vida, apesar de ter fraturado a clavícula e ter escoriações. Ainda, segundo a junta médica, o principal problema agora é psicológico, posto, que o dito passante sofre um trauma de lugares abertos, fechados, amplos, ou mesmo estreitos: ele teme ser atacado por objetos, sendo por isso mesmo mantido dopado a maior parte do tempo.


E como ninguém sabe exatamente de onde caem os objetos, começa-se a especular, que, talvez estejam sendo atirados por aviões. Contudo, esta hipótese não resiste a um breve exame; a velocidade que o objeto adquiriria não deixaria passante algum vivo, por mais que os físicos atestem que depois de uma dada altura a velocidade seja uma constante.


Entrementes, devemos nos ater as predições de um estudante de história de UFPE ( O. F. 26), dizendo que nós tivemos nosso tempo de nos revoltar contra os objetos e não o fizemos, agora é a vez deles.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Erro dos Músicos Prejudicial a Sua Arte

Vede como tudo nos traz continuamente de volta aos efeitos morais de que falei e como os músicos que somente vêem no poder dos sons a ação do ar e o tremor das fibras estão longe de conhecer em que reside a força dessa arte. Mais a aproximam das impressões puramente físicas, mais a afastam de sua origem e mais lhe retiram também sua primitiva energia. Ao abandonar o acento oral e ao levar em consideração somente as instituições harmônicas, a música torna-se mais barulhenta para o ouvido e menos suave ao coração. Ela já cessou de falar, em breve não cantará; e então, com todos os seus acordes e sua harmonia, não terá mais nenhum efeito sobre nós.

J.J Rousseau

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Pleased to meet you

Bem, sempre uma confissão inicial, aprendi com Derrida. Não ia postar isso, dado a grosseria da escrita e a total falta de credibilidade do email, no entanto, recedi um só não, vários emails desses. O que, evidentemente me chamou a atenção da aberrância do fato. Resolvi, primeiramente, posta-lo assim, tal qual recebi, sem mais. Contudo, iria ficar demasiado pobre, e resolvi postar então com comentários, estes em itálico, acaso consiga editar assim. Pois bem, vamos então:


É MUITO IMPORTANTE LUTARMOS POR JESUS CRISTO - IGREJA DE SATANÁS INICIA DIVULGAÇÃO (leia isso é muito importante)


IGREJA DE SATANÁS INICIA DIVULGAÇÃO


É difícil entender a redundância do título e o abuso da caixa alta, o que denota uma falta de elegância terrível.


O Dono da Companhia Procter & Gamble, apareceu no programa de Phil Donahue, de grande tele-audiência nos Estados Unidos. Neste programa anunciou que, dado à abertura de hoje em nossa sociedade, havia decidido sair do esconderijo e reconhecer publicamente a sua associação com a Igreja de Satanás.


Fato, sem dúvida, fantástico, primeiro saber: o Satanás tem uma igreja, e segundo: é capitalista. Coitado do Demo, em outros tempos fora comunista, hyppie, e agora capitalista... Outra confissão, tive de refazer boa parte da pontuação, pois, o texto redigido por algum crente, estava uma lástima: ilegível.


Ele admitiu, uma grande parte dos lucros da venda dos produtos de sua empresa se destina à ajuda e manutenção de sua Igreja Satânica. Quando o entrevistador, Phil, lhe perguntou se não temia que ao admitir em TV nacional sua associação com Satanás, poderia prejudicar os lucros da empresa, ele respondeu:

'NÃO HÁ CRISTÃOS SUFICIENTES NOS ESTADOS UNIDOS OU NO MUNDO QUE POSSAM ME PREJUDICAR, MUITO MENOS CAUSAR UM MÍNIMO DANO'


Mais uma vez o abuso da caixa-alta, mais que, por respeito ao original, preferimos manter. E mais, alguém precisa avisar aos crentes, que falar do inimigo, principalmente com tanta ênfase – isso é básico a qualquer marketeiro de padaria – é dar audiência à ele...


Demonstremos a esse altivo senhor e ao mundo, que há, sim, cristãos suficientes e que podemos colaborar para acabar com sua companhia que serve à Satanás.


Esse altivo senhor me lembrou a música dos Stones, que lembrou o professor Wolland, de um livro simplesmente fantástico, onde Satanás e sua comitiva infernal visitam Moscou Stalinista. No romance (Mestre e Margarida) o Satanás, ou professor Wolland (o mesmo que inspirou a música dos Stones), era de fato, altivo, elegante e, sobretudo, sábio; vale lembrar que ele estava perto do próprio cristo, quando este duvidou de sua fé... E segue:


Não usemos nenhum produto da Procter & Gamble e avisemos a todos os cristão, eis a lista de alguns produtos:

  • Absorventes Always
  • Sabão em pó Ariel
  • Alimentos Batatas Fritas Pringles
  • Fraldas Descartáveis Pampers
  • Produtos Para Lavagem de roupa a seco Dryel P & G
  • Produtos Para Cabelo Shampoo Pantene; Pertplus
  • Medicamentos VICKY

Tudo em negrito, ênfase em tudo é ênfase nenhuma. Em conformidade com a elegância do altivo senhor Satã, podemos ver o seu bom tom, posto que, os produtos acima mencionados são simplesmente os melhores do mercado.


Se não tiver certeza de que o produto que está usando é desta companhia, procure o nome da companhia ou o símbolo que passou a identificá-los a partir de abril de 1999, que é o número 666, conhecido como número da besta, antes era uma lua nova. Demonstremos ao dono da Procter & Gamble que há cristãos mais do que presentes para causar prejuízo à sua empresa, até mais, para fechar sua empresa. Lembre-se que cada vez que você adquirir um desses produtos, está dando contribuição à Igreja de Satanás. Façam cópias deste, e distribuamos para todos, em todo mundo, para honra e glória daquele que está acima de todos os nomes jesus cristo.


Ué, como um nome pode estar acima de todos os outros, metalinguagem?


deus o abençoe e lhe proteja!

Nossos repórteres fizeram uma rigorosa investigação, nenhum indício do mencionado número, nem de 1999 e menos ainda do famoso número da besta: 666. Na casa do dito repórter foram encontrados vários produtos mencionados, como o Always ( é sabido que o Satanás gosta do quentinho) e também conferimos as batatas Pringles. Esperamos que algum internauta entediado verifique as demais informações, como, por exemplo, essa dita entrevista do Satânico e altivo Mr. Donahue. E vale lembrar o LP da Xuxa girado ao contrário, do punhal satânico dentro do Fofão, e por aí vai, parece que o altivo senhor também é deveras alegre... Um pouco de Stones pra alegrar:

Please allow me to introduce myself
I'm a man of wealth and taste
I've been around for a long, long years
Stole many a man's soul and faith
And I was 'round when Jesus Christ
Had his moment of doubt and pain
Made damn sure that Pilate washed his hands and sealed his fate

Pleased to meet you hope you guess my name
But what's puzzling you is the nature of my game
I stuck around St. Petersburg
When I saw it was a time for a change
Killed the czar and his ministers
Anastasia screamed in vain
I rode a tank held a general's rank
When the blitzkrieg raged and the bodies stank
I watched with glee while your kings and queens
Fought for ten decades for the gods they made
I shouted out, "Who killed the Kennedys?"
When after all it was you and me

Just as every cop is a criminal and all the sinners saints
As heads is tails just call me Lucifer
'Cause I'm in need of some restraint

So if you meet me have some courtesy
Have some sympathy, and some taste
Use all your well-learned politesse or I'll lay your soul to waste

quarta-feira, novembro 26, 2008

Sobre cinéfilos e leitores


Chegou com duas horas de antecedência ao cinema, a bilheteria ainda fechada; entrou pelas grandes portas de vidro, notou o ambiente vazio nas cadeiras do café. Uma funcionária passava pano nas máquinas. Perguntou-lhe se estava, naquela sala de cinema, passando o novo filme do grande Zé do Caixão, mas perguntou-lhe para puxar uma conversa, pois sabia precisamente o horário de todas as sessões. A resposta que teve da funcionária, que tinha lá seus encantos, consistiu, sem sequer erguer os olhos para notá-lo, em apontar para o quadro de avisos. Desencorajou-lhe as intenções: uma conversa ou debate sobre a riqueza do grande cineasta, que conhecera nas idas exibições do cinetrash.

Sentou na frente do cartaz, um tanto eufórico. Dali a algumas horas estaria no escuro em companhia do grande mestre do horror: “Jece Valadão morreu, e está neste filme!”, repetiu mentalmente esta antiga constatação e foi dar uma volta pelo desconhecido edifício.

Em todo prédio, fora a mulher do café, avistou apenas um guarda na entrada, folheando seus jornais, e um rapaz debruçado sobre um livro na entrada de uma galeria. Descobriu que havia ali um jardim e julgou-lhe agradável, até bonito, ansioso que estava, não se deteve nem por um minuto. Quando virou-se para dar de costas, avistou um vulto e retornou para constatar se real, na mesma direção, um beija-flor riscava a paisagem na direção da momentânea miragem.

Não era um fantasma: o rapaz, talvez um adolescente, que antes debruçava-se veemente sobre o livro sem cor, saiu para fumar um cigarro. Não pensou duas vezes e seguiu na direção do fumante, como um lince selvagem, lento, com as mãos nos bolsos de seu jeans claro e bastante grudado às pernas, e com um conhecido sorriso, difícil de não ser interpretado como a mais afável das cordialidades: “Olá!”. Recebeu em troca um sorriso... O entusiasmo lhe remexeu os ânimos e chegou a mostrar muitos de seus dentes perfeitos, num largo sorriso em retribuição àquela demonstração, julgava extremamente cordial.

“Ah, você sabe de que horas abre a bilheteria do cinema?”, foi a primeiríssima pergunta dirigida ao fumante. Ficou então sabendo que trinta ou quarenta minutos antes de cada sessão os ingressos estão disponíveis. Rapidamente calculou que em uma hora e meia, no máximo, estaria com seu valioso ingresso. “Cheguei cedo porque, você sabe, nunca se sabe...!” Como se seu interlocutor não o entendesse, explicou-lhe que Zé do Caixão poderia surpreender a bilheteria, e que por nada no mundo perderia a primeira sessão do primeiro dia. “Será que vem muita gente aí?”, continuou puxando a conversa que desaguaria irremediavelmente nos méritos do grande José Mojica.

“Pode ser...!” Foram suas últimas palavras, pois, o fumante, logo em seguida, depois de um poderoso trago de seu cigarro pela metade, jogou-o fora e despediu-se com as costas, partindo a toda velocidade para sua cadeira.

O cinéfilo não entendeu nesse gesto uma fuga. Apenas pôde reparar, pelo pouco que seguiu atrás, que seu interlocutor curvava-se novamente com grande apetite sobre o livro branco que tinha em mãos. Seguiu o fumante, entrou na galeria e parou ao seu lado. Este não o notou, ou não o quis. “Tá lendo?”, foi a pergunta que veio a mente. O leitor fumante fechou os livros lentamente, fechou os olhos e, depois de um longo suspiro, mostrou-lhe a capa do livro.

“Ah, então você gosta de cinema? Deve conhecer Zé do Caixão...!” Estas foram suas últimas palavras antes de ter seu pescoço perfurado por três lápis de pontas 9B, meticulosamente afinados com estilete.

Sobre os motivos que levaram o leitor fumante a cometer tal gesto, não podemos nada supor a não ser que, talvez, não estivesse em seus melhores dias. Entrementes, é certo que o cinéfilo pôde se orgulhar, nos últimos instantes antes de seu sangue o abandona-lo por completo, que honrara com sua morte o grande cineasta: o inimitável Zé do Caixão.



sábado, novembro 22, 2008

Monstro Marinho ou assombrosas criaturas do oceano de plástico


Esta reportagem foi sugerida por enviados do aberrablog a recônditos bizarros do mundo não menos bizarro.

O site do jornal russo Pravda noticiou a descoberta de um bizarro monstro marinho, encontrado na Costa da Guiné, país da África ocidental. A espécie, ainda não identificada, estava parcialmente em estado de decomposição, mas sua estrutura revela claramente a presença de quatro patas, um rabo e, o mais estranho de tudo: pêlos.

Os cientistas locais que examinaram a criatura dizem que já tinham visto a espécie antes, mas que não têm a menor idéia de como defini-la. O monstro marinho continua sendo uma incógnita para a ciência.

Graças ao nosso acurado centro de pesquisas infames, descobrimos em algum lugar da rede, que a reportagem a cima, não passa de sensacionalismo barato: não especifica o lugar, qual Guiné? E os cientistas, são biólogos, astrólogos, físicos ou o quê? Enfim, nada. No final, o arguto repórter de algum lugar, referido acima, chega a uma inexorável conclusão: é uma baleia. Pensamos em postar em anexo, mas honestamente, que merda! Preferimos a tese do monstro marinho. E mais, sobre os pêlos? O dito reporter não fala absolutamente nada sobre os pêlos do Monstro. Baleia com pêlos? Mentiras podem até ser cabeludas, mas baleias? Só temos uma certeza:


Isto não é uma Baleia!

Reportagem extraída e deturpada sem autorizações.

quarta-feira, novembro 19, 2008

A Bolsa Caiu

Olá amigos que acompanham meu blog. Estive ausente nos últimos dias, pois estava bastante ocupado. Vocês sabem, pois assistem TV e lêem jornal, que o mundo está em crise. Hoje, oficialmente, o Japão admitiu estar em crise. Os japoneses perderam o costume de comprar uma televisão de 98 polegadas a cada ano. Agora, só comprarão de dois em dois anos. Nesse último fim de semana, praticamente não dormi, acompanhando o sobe e desce (mais desce do que sobe!) da bolsa de valores. Tentando me esquivar da crise que assola o sistema financeiro dos países do primeiro mundo, comprei ações das bolsas ditas periféricas. Meus amigos, não foi nada fácil! A bolsa de Macau fechou, na madrugada de sábado para domingo numa vertiginosa queda de 7.84% afetando minhas ações na Woo-Ping, empresa que fornece bamboos para os pandas chineses, normalmente lucrativa. Devido a essas intempéries, tive que me desfazer da metade das minhas terras na Suazilândia, vendendo parte da minha savana para uma empresa sulafricana de turismo.

O pior de tudo foi imaginar que enquanto muitas pessoas se divertiam em festas e eventos, eu tentava acompanhar, simultaneamente, o desenrolar das bolsas de Macau e Islamabad, através de uma rádio de Bangalore, que trata única e exclusivamente de assuntos ligados ao comércio internacional. Se não fosse esse tão importante meio de comunicação, com certeza absoluta, não restaria nem uma foto de zebra das minhas terras suazilandesas. A recessão continuará e quem não estiver engajado em defender seu patrimônio, como estou, poderá ficar à mingua do novo reinado de Genghis Khan que se aproxima. Sim, um império do oriente se aproxima mais uma vez e promete não aliviar com o ocidente. Logo agora, que o mundo judaico-cristão (que expressão batida) parece ter encontrado certa homogeneidade! A Europa, por exemplo, já não briga entre si e criou até uma União oficializada. Nos Estados Unidos, um negro foi eleito presidente e em breve os mexicanos poderão ser considerados cidadãos! Se até os Estados Unidos e o Japão estão em crise com a (pós) modernidade, que diremos nós pobres seres individuais, indefesos e tristes. O citibank vai fechar o halifax já embarcou dessa pra uma pior. Não existe crise sem mortes.
Meus amigos, sugiro que mantenham suas reservas de ouro e diamante para o ano de 2009, que promete ser o ponto culminante dessa crise. O barril de petróleo está por 55 dólares, uma ninharia! Ainda esta semana viajarei para Frankfurt para dar uma palestra para banqueiros estonianos e finlandeses, preocupados com a diminuição dos preços do pescado no Mar Báltico. Espero que nesses próximos dias o dólar se estabilize no Brasil, tenho grande confiança no meu amigo particular, Dr. Henrique Meirelles, que vai saber contornar a crise internacional sem mergulhar a nação emergente no buraco. Só volterei ao Recife no dia 26 de Outubro, precisamente para assistir o show de Tom Zé. Daqui pra lá, meu nome é trabalho! Os acionistas necessitam de minha especulação e minha agenda está cheia. Mas, prometo postar notícias dos lugares por onde andarei. Estou com a idéia de falar algo sobre a banda inglesa, Queen. Uma banda tão ímpar que o guitarrista Brian May foi o primeiro roqueiro da história a ser PhD em alguma coisa. Ele escreveu sobre a teoria do Big Bang. Isso é papo pra outra história. Falando em história, ninguém deu nome pra essa crise. O surgimento do universo é o Big Bang, a quebra da bolsa em 1929, ficou conhecida como o Crack de Nova Iorque. Aquí no Recife, a crise do Crack é outra e tem arrastado até fusquinha das ruas. Daqui pra Frankfurt vou propôr um nome oficial pra essa crise, quem sabe "Tsunami Financeira", "Aviões em Mannhattan", ou ainda "Nem Osama nem Obama, volta Bush de Lama". Daqui pra lá, espero que a minha fertilidade mental reapareça. Saudações alvirubras! 5x2. Pelas bandas dos Aflitos a crise se foi. Abraço.

Extraído sem autorização do Blog: Céu Sem Fronteiras

terça-feira, novembro 18, 2008

Agreste Psicodélico

Por Cristiano Bastos

A trilha em busca das origens de Paêbirú, o disco maldito de Lula Côrtes e Zé Ramalho, hoje o vinil mais caro do Brasil.

No dia 29 de dezembro de 1598, os soldados liderados pelo capitão-mor da Paraíba, Feliciano Coelho de Carvalho, encalçavam índios potiguares quando, em meio à caatinga, nas fraldas da Serra da Copaoba (Planalto de Borborema), um imponente registro de ancestralidade pré-histórica se impôs à tropa. Às margens do leito seco do rio Araçoajipe, um enorme monólito revelava, aos estupefatos recrutas, estranhos desenhos esculpidos na rocha cristalina.

O painel rupestre se encontrava nas paredes internas de uma furna (formada pela sobreposição de três rochas), e exibia, em baixo-relevo, caracteres deixados por uma cultura há muito extinta. Os sinais agrupavam-se às representações de espirais, cruzes e círculos talhados, também, na plataforma inferior do abrigo rochoso.

Inquietado com a descoberta, Feliciano ordenou minuciosa medição, mandando copiar todos os caracteres. A ocorrência está descrita em Diálogos das Grandezas do Brasil, obra editada em 1618. O autor, Ambrósio Fernandes Brandão (para quem Feliciano Coelho confiou seu relato), interpretou os símbolos como "figurativos de coisas vindouras". Não se enganara. O padre francês Teodoro de Lucé descobriu, em 1678, no território paraibano, um segundo monólito, ao se dirigir em missão jesuítica para o arraial de Carnoió. Seus relatos foram registrados em Relação de uma Missão do rio São Francisco, escrito pelo frei Martinho de Nantes, em 1706.

Em 1974, quase 400 anos depois da descoberta do capitão-mor da Paraíba, os tais "símbolos de coisas vindouras" regressariam. Dessa vez, no formato e silhueta arredondada de um disco de vinil. A mais ambiciosa e fantástica incursão psicodélica da música brasileira - o LP Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol, gravado de outubro a dezembro daquele ano por Lula Côrtes e Zé Ramalho, nos estúdios da gravadora recifense Rozemblit.

...

Leia o texto na íntegra no link abaixo:

http://www.rollingstone.com.br/edicoes/24/textos/3426/

O disco Paêbirú pode ser encontrado em:

http://brnuggets.blogspot.com/2006/10/lula-crtes-z-ramalho-pabir-1975.html

segunda-feira, outubro 20, 2008

O dia a dia do professor brasileiro (história verídica)

Aconteceu no Recife...

"Preciso narrar a história verídica que comigo acaba de ocorrer. Menos dramática que a menina de Santo André que morreu (a bichinha!). Eram 03:50 da manhã qdo começo a me locomover, ebriamente, para o cais de Santa Rita, eu jurava que a passagem de ônibus era metade do preço, pois já era domingo. Subo no Cdu-Várzea bacurau e quando vou passar pela borboleta, o cobrador reclama que a passsagem é 1.75. Eu tinha dado uma moeda de 1 real e ainda esperava troco. Aí eu contei minhas míseras moedas e juntas, somavam 1.60. O cobrador disse que eu não podia passar por 1.60. Interlúdio: A noite foi linda, adorei meus amigos, enebriantes belas senhoritas. Enfim, tava tudo nota 7,5. Aí o cobrador pediu que se eu não tivesse o dinheiro completo da passagem eu teria que descer. Sentei no banco dos idosos e gestantes e pensei que daria os 1.60 e desceria pela frente e o cobra e o motô ainda ganhariam o trocado do guaraná. Mas, o cobrador estava disposto a fazer justiça e manter a lei, era um brasileiro honesto e respeitável! O cobrador pediu que eu descesse do ônibus, porque faltavam 15 centavos pra completar a passagem. Argumentei que ele ficasse calmo, que seria fuleragem me deixar no cais de Santa Rita, as 4 da manhã por causa de 15 centavos!! Entretanto, o cobrador estava irrelutável e disse que ia chamar a polícia. Até que um nobre senhor, me deu 15 centavos em 3 moedas de 5 centavos. Agradeci ao nobre senhor e tão irado que eu tava, gritei: "Olha aí, seu filho da puta, conta essa merda aí prá ver se tá certo!" E atirei as moedas todas na cara dele, atravessei a borboleta e continuei a esbravejar. Seu merda, filho da puta, chama a polícia agora, seu filho da puta. Você sabe quem sou eu? (soem os tambores!) Eu gritei: eu sou um professor!!! (hahahahahahahaha). O cobrador disse: Tu é um liso! Eu continuei o bate-boca dizendo: que se eu eu era liso é porque não roubava e etc.

Aí fiquei em pé e gritando: chama a polícia seu filha da puta, comecei a esmurrar a prateleira do cobrador, dizendo que era por causa de gente merda q nem ele q o brasil é essa merda ainda maior que ele. Baixaria. Cospi no pé dele. ele não tava armado, logicamente. Mas, se tivesse, ia se atracar comigo, porque eu tava coms sangue nos olhos. Eu jurava que essa seria a volta pra casa de um dia normal. Amanha me lembrarei de mais coisas, eu acho."

"Um liso", meus senhores... "um liso!" Eis a visão que o cobrador de ônibus tem do profissional da educação...

Publicado sem autorização do autor

sábado, outubro 18, 2008

E mais Cegueira


ENSAIO SOBRE A GAGUERIA de Paulo Cursino

O filme começa com um carro fechando o outro em um sinal de trânsito. Os dois motoristas descem do carro prestes a discutir.

MOTORISTA 1
Você não olha por onde anda não, seu viado?!

MOTORISTA 2
Ah! V to-to-tomar no c-c-c-c.... n-no... c--c--c...

A palavra não sai. Motorista 2 tenta a todo custo terminar a sua ofensa, mas a palavra chula que designa o pequeno e apertado orifício humano insiste em ficar pela metade, ele gagueja de suar e perder a respiração. Ele está com a doença da gagueira e ainda não sabe. Motorista 1 entra no carro com medo de ser contaminado e sai batido.

Corta para uma padaria do centro da cidade. Um homem entra e se dirige ao dono da padaria que está no caixa.

HOMEM
Por favor, me vê um maço de Marlboro.

DONO DA PADARIA
Normal ou Lights?

HOMEM
Me vê o... o... o-o-o-o... N-n-n... l-l-l..

O pobre homem não consegue completar a frase. Enraivecido querendo se fazer entender, acaba discutindo com o dono da padaria, os dois brigam de socos e acabam rolando sobre um balcão de sonhos (valorizar a metáfora visual de “sonhos” sendo esmagados).

Da briga anterior, corta para um casal de classe média alta tomando seu café-da-manhã calmamente.

MARIDO
Querida, me passa a mante-te-te... ihhh... tê-tê-tê...

Marido não consegue terminar a palavra manteiga. Tenta se fazer entender de várias formas e não consegue. Até que tem idéia de pegar um bloco na mesa ao lado e escrever a palavra “manteiga” para a esposa. Mas, surpresa: ao tentar escrever “manteiga” o seu texto também é gago. O vírus é mais poderoso do que ele imagina. Ele consegue escrever apenas a letra “M” trinta vezes até sair um “an”. Marido desiste de escrever e pega a geléia que está mais próxima e começa a passar no pão. Mulher tenta perguntar por que marido age feito um idiota, mas pára no “id”. Os dois ficam constrangidos, olhando um para o outro, sem entender o que está acontecendo.

Entra então uma sequência de cenas da cidade em polvorosa. Todos tentam falar e ninguém consegue se entender. Consultórios de fonoaudiólogos lotado de pessoas. Crianças chorando pelos corredores pedindo o colo da “ma-ma-ma-mãe”. Vários pacientes tentam marcar uma consulta, mas a gagueira os impede. Uma simples confirmação de “sim” ou “não” leva uma hora para acontecer. O caos se espalha pela cidade, pelo país. Na bolsa de valores quando alguém consegue dizer que o índice Dow Jones está em alta, ele já está em baixa há vinte minutos. Uma atendente de telemarketing enlouquece quando começa a gaguejar durante a venda de uma assinatura de revista e se suicida saltando pela janela de seu departamento. Jornalistas pelo mundo começam a gaguejar em reportagens ao vivo. No programa do Jô Soares ele leva trinta minutos para concluir uma pergunta. Todos ficam preocupados com o dia que ele contrair a doença...

Corta para uma cena de entrevista coletiva. O presidente Lula ao centro em frente à bancada com microfone.

LULA
Companheiros, n-nunca a-a-antes n-neste pa-pa-pa...

Lula tapa a boca percebendo que não vai poder continuar o seu discurso. Alguns jornalistas suspiram aliviados. Paulo Henrique Amorim culpa a mídia golpista pela gagueira de Lula. Os petistas culpam os tucanos. Sai a notícia que Fernando Henrique, ao que parece, só gagueja em francês. Mas o francês continua perfeito.

Corta para um hospital, um asilo isolado. Todos que contraíram a doença da gagueira estão lá. Em poucos dias o ambiente se torna sujo e fétido porque ninguém consegue falar as palavras “vassoura”, “esfregão” e, a pior de todas, “saponáceo”. Palavras de quatro sílabas passam a ser proibitivas. Proparoxítonas são extintas da linguagem oral em questão de dias. Dentro do asilo, um homem tenta pedir ajuda a um “otorrinolaringologista” e destronca língua no meio da palavra, causando um pequeno pânico interno. Um médico passa a cuidar dele, mas precisa de remédios aos quais não tem acesso. Ninguém entra no hospital com medo de contrair a doença. Soldados atiram em doentes que tentam furar o cerco. Uma simples pigarreada é capaz de selar a vida. Os gagos passam a viver em clima de isolamento total e assistindo a programas de TV mudos, o que, na opinião geral, fez com que a programação da TV brasileira melhorasse em 90%. A comunicação torna-se praticamente impossível e o silêncio toma conta do local. Mas o pior estava por acontecer.

Um grupo de mímicos, recalcados por anos de preconceito e discriminação artística, são os únicos que conseguem se comunicar a contento e passam a dominar o hospital. O que no início era apenas uma ligeira vantagem social passa a ser um verdadeiro instrumento de terror e domínio. Nos aposentos dos mímicos é colocada uma foto de Marcel Marceau na parede, o novo deus a quem eles devem a vida. Dominando a comunicação eles passam a controlar a entrada e saída de alimentos do hospital. Primeiro eles começam a trocar alimentos por dinheiro, objetos de valor e galões de tinta branca para a face. Quando o dinheiro dos gagos acaba, eles passam a exigir sexo das mulheres gagas. A princípio, eles levam três dias para se fazerem entender, afinal, fazer a mímica de um “69” não é tão fácil quanto parece. Quando eles percebem que as mulheres estão fingindo não entender o que eles querem, passam a usar a força bruta e tentam raptar as mulheres. Os homens gagos irritados com a situação tomam à frente e provocam uma pequena rebelião. Durante a rebelião, muitos morrem, o asilo é queimado, e todos escapam e tentam voltar para suas vidas normais.

Então eles descobrem, surpresos, que o mundo lá fora já está normalizado e que eles era os únicos a estarem presos. Para onde eles olham, a vida segue normalmente, mas, mas com a gagueira como padrão. Tornou-se uma coisa completamente normal. Cartazes e out-doors todos estão escritos em linguagem gaga. Em um out-door da Nike lê-se j-j-j-just d-d-d-o i-i-t. Até placas de ruas são gagas. A placa de proibido estacionar, por exemplo, tem um “EEEE” cortado ao meio. Até as que indicam bairros e lugares gaguejam. Em vez de uma placa para o Rio de Janeiro há uma para o “R-rio de J-ja-janeiro”. Em vez de uma placa para Santos há uma para “S-san-san-santos”. Itaquaquecetuba, por sua vez, teve que mudar de nome.

E no íntimo daquelas pessoas recém-liberadas, traumatizadas pela má experiência recente, jazia como uma brasa adormecida, uma dúvida pungente, que obscurecia qualquer possibilidade de visualizar um futuro melhor: com a gagueira como padrão, como deveria soar agora a dança do Créu?

O grupo se abraça, une-se em uma oração, esperançoso, de que ao menos isto não tenha sobrevivido a catástrofe.

Extraído sem autorização do blog: http://www.ignoranciatimes.com.br/index.php

quarta-feira, outubro 15, 2008

Vomitório - A lucidez ou a cegueira do Centro de Educação da UFPE


Este texto, tomo o cuidado de adiantar, pode ser visto e lido como uma resposta. Uma resposta não somente ao texto do caro André Lucena. Trata-se talvez de um apanhado. Um apanhado entre este, de André e aquele, do nosso camarada Anísio, a saber, O modelo magistral de aula: por uma crítica ao Centro de Educação da UFPE e, Ensaio sobre a lucidez, respectivamente.

O primeiro começa com uma tentativa de ilustração sobre a angústia, o segundo, também. No primeiro, as dificuldades de um aluno diante da mediocridade de alguns professores iniciam o açoite. No segundo, podemos ver, se olhos usarmos, os suaves lampejos de uma agonia: a cegueira da lucidez.

Extração de impressões; império da Democracia (com “d” maiúsculo?). Ao discorrer acerca do Centro de Educação da UFPE, talvez tenha André esquecido que poderia ter ido além: até às cadeiras da pós-graduação, por exemplo. Sabias tu, Raboni, que lá, as aulas de quatro horas são poucas para lanches e sorrisos. Isto mesmo! Bem, sei que devo esclarecer.

Aquelas salas, munidas de cadeiras acolchoadas e condicionadores de ar barulhentos, comportam alunos que buscam desastrosamente a comunhão entre o não-conhecer, a eles particular, e o orgulho de se poderem reivindicar, a si próprios, como os pensantes que superarão o saber conteudista. O professor, profundamente preocupado em manter o que eles apelidam de humanização da prática pedagógica, colabora com a ilusão: sorri de suas próprias piadas, cruelmente elaboradas em torno da ignorância generalizada, e todos os acompanham. E entre a primeira e a segunda parte das xurumelas, um lanche, meia hora de descontração. Tímida alienação.

E se alguém aparece, caro André, somente querendo enfatizar a existência de outros lugares, senão aqueles onde habitam os inanimados e incapazes reprodutores da verdade, da evidência – enfim, os jornalistas do que ouso apelidar de sem-sentidismo – se alguém assim aparece, com esta naïveté, não demora a ser atacado pelos zumbis do decoreba. Eles decoram tudo. Decoram que Paulo Freire não morreu, que o professor deve ser humanizador, que o conteúdo deve ser massacrado.

Até aí entendo tua angústia, grandiloqüente Lucena. Mas, pergunto-te, e aquele texto do nosso amigo Anísio? Onde está ele? A lucidez dependeria então do destrinchar da cegueira alheia? Aqueles cegos do Centro de Educação não estariam somente fazendo usufruto de seu estado? Tentarei traduzir.

Reivindico contigo: tentemos mostrar que não posso falar de pau de jangada se não falo de pau que bóia.

Os alunos do CE estão contentes com a farsa dos professores. Os professores contentes com a letargia dirigida dos alunos. Ambos riem das piadas sobre coisa nenhuma. Que concluir: lucidez? Conforto na cegueira? “Em terra de cego todo mundo é cego”?

Não queiramos trazer respostas. Contentemo-nos, sobriamente, a apontar os critérios para que construamos tais questões. Deixemos de lado as possibilidades acerca das múltiplas possíveis definições em torno da educação, e mesmo ao redor de um “possível objeto epistêmico próprio (...)” dela. Retenhamo-nos à sua apresentação.

É ela, a Educação, finalmente, um projeto mundial? Ocidental? Também não precisaremos de resposta para estas questões. Para nós, Lucena, Anísio, bastará saber que há um modelo, e que este acha suas raízes na virada de mesa Pascal/Kant. Sabemos que o modelo econômico atual tem uma origem. Sabemos que existem critérios. Sabemos que o modelo magistral existe. Onde existe ele? Lá mesmo onde os enxadristas reuniram-se em meados do século dezoito para reformular as regras do jogo econômico: na Europa.

Este seria o ideal? Mas, se o modelo magistral europeu existe justamente para viabilizar o nosso, o nosso deste dependeria? Se o um não existe sem o outro, o outro não existe sem o um. Estaríamos nós ainda dependentes do eurocêntrico debate Epicuro x Lucrécio? Ainda perdemo-nos a perambular, desesperadamente, por entre as bolorentas alamedas do obscuro abismo do ressentimento? Lugar entre os deuses? Lugar dos deuses? Ao inferno com a base européia! “Je me révolte, donc nous sommes”, já dissera Camus. Querer Epicuro ou Lucrécio é legitimar os magistrais europeus. Legitimá-los é legitimar-nos a nós mesmos e nosso absurdo Centro de Educação. Não propor, não propor: eis a lucidez.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Aos mortos...

NIETZCSHIANA

Meu Pai, ah que me esmaga a sensação do nada!
- Já sei, minha filha... É atavismo.
E ela reluzia com as mil cintilações do Êxito intacto.

(Manuel Bandeira, Estrela da Manhã)

segunda-feira, outubro 06, 2008

I TRieD to sAy it Wasn't My wAy... theY pushEd me ThroUgH anD I staRted to pAY... the PrIce I waSn't aBLe to aFForD... buT thERe's alWays a reaSon whiCH is mORe... abOVe tHE sIMple uNderStandiNG of Our IntELLecTUal FeelinGS... anD tHAt's wHY I juSt keEp inTO DeAlING... WiTH tHIS wholle CRAzy PaTH thAT someHOW I AccEpteD... jUST keeP SAYIng SaD SOngs Make me hapPY

Papel higiênico com folha dupla já!

Será que alguém no legislativo vai abrir os olhos?

As pesquisas comprovam: a hemorróida ataca 76,9% dos brasileiros. E o papel higiênico grosso, ríspido é um fator de agravamento da questão!
Será que o cu do povo já não sofre demais? Papel higiênico com folha dupla em todos os banheiros públicos! Todos os locais públicos obrigados a fornecer este alento a este povo que tanto toma no...

Tá fodinha...

terça-feira, setembro 30, 2008

30 de Setembro de 1888


Hoje, exatamente, estamos há cento e vinte anos (contados, ainda no falso calendário cristão) que Friedrich Wilhelm Nietzsche declarou o primeiro dia do novo calendário: “O resto nasce a partir daqui”, encerra o último mandamento das novas tábuas.


Não sem uma gota de tristeza olho o retrato morto do poeta; leio sua vivíssima poesia, mais ainda, mais além. nem poeta, nem filósofo, nem filólogo, nem homem, além, mais ainda, mais além.


Entretanto, gostaria de poder falar a ti, meu caríssimo, e, em vez de dar-te boas novas, não, ao contrário, só temos más velhas a contar. a humanidade comportou-se exatamente como teus pesadelos piores não podiam imaginar, o desinteresse da ciência desceu ao senso comum e criou o jornalismo; a moral de rebanho (essa já não tinha aonde descer) infectou o resto da sociedade e no cerne da “opinião”, da “pluralidade”, do “respeito ao próximo”, constrange absolutamente tudo que não lhe é espelho: imagem morta e monótona repetida, e repetida.


O teu Sim! o Grande Sim, hoje, cada vez mais raro, rarefeito e a vida escorre e esparrama-se nas entrelinhas de palavras velhas e desgastadas. comprimida entre máquinas que de longe parecem pessoas, e pessoas que de perto parecem máquinas...


O Grande Sim, o teu sorriso caríssimo ecoa de alturas inimagináveis, o teu zombeteiro Zaratustra, o teu disangelium... Há, mil infernos! como é difícil dizer sim hoje, é difícil saber o que é a vida mesma, pois, ela vive em brechas estreitíssimas, provavelmente invisíveis ao olho – sempre nu e despreparado a ver o que não sabe.


Celebra-se hoje, cento e vinte anos depois, ainda a madrugada do segundo dia.
espera-se, impaciente e ruidoso – ainda demasiado próximo do sonho – a aurora do segundo dia:


“Datada do dia da Salvação: primeiro dia do ano Um (em 30 de Setembro de 1888, pelo falso calendário).

Guerra de morte contra o vício: o vício é o cristianismo

Artigo Primeiro – Qualquer espécie de antinatureza é vício. O tipo de homem mais vicioso é o padre: ele ensina a antinatureza. Contra o padre não há razões: há cadeia.

Artigo Segundo – Qualquer tipo de colaboração a um ofício divino é um atentado contra a moral pública. Seremos mais ríspidos com protestantes que com católicos, e mais ríspidos com os protestantes liberais que com os ortodoxos. Quanto mais próximo se está da ciência, maior o crime de ser cristão. Conseqüentemente, o maior dos criminosos é filósofo.

Artigo Terceiro –
O local amaldiçoado onde o cristianismo chocou seus ovos de basilisco deve ser demolido e transformado no lugar mais infame da Terra, constituirá motivo de pavor para a posteridade. Lá devem ser criadas cobras venenosas.

Artigo Quarto – Pregar a castidade é uma incitação pública à antinatureza. Qualquer desprezo à vida sexual, qualquer tentativa de maculá−la através do conceito de “impureza” é o maior pecado contra o Espírito Santo da Vida.

Artigo Quinto – Comer na mesma mesa que um padre é proibido: quem o fizer será excomungado da sociedade honesta. O padre é o nosso chandala – ele será proscrito, lhe deixaremos morrer de fome, jogá−lo−emos em qualquer espécie de deserto.

Artigo Sexto –
A história “sagrada” será chamada pelo nome que merece: história maldita; as palavras "Deus”, “salvador”, “redentor”, “santo” serão usadas como insultos, como alcunhas para criminosos.

Artigo Sétimo –
O resto nasce a partir daqui.”

Friedrich Wilhelm Nietzsche – O Anticristo

quinta-feira, setembro 25, 2008

Ensaio Sobre a Lucidez

Já há algum tempo deveria ter escrito algo sobre isto. Em verdade, uma confissão nunca está sozinha. Não o fiz até então, pelo simples fato de não ter lido o livro. No entanto, a realidade (não acredito quando escrevo essa palavra que sou capaz de dizer tal coisa) exige, tal um velho imperativo categórico, que, deixe de me pronunciar em “me”, tal o alcance e aberrância do fato.

Portanto, nós do blog Aberração temos de nos manifestar sobre a cassação da candidatura de João da Costa. Como sempre, nosso intuito não é nos manifestar contra ou a favor, menos ainda é analítico-crítico como esperam alguns. Não trataremos sequer do caráter epistemológico ou menos ainda o judicial; bem como evitaremos qualquer menção ao que pode representar simbolicamente tal ou qual gesto.

O que resta então? Pode retrucar um leitor, nem precisa ser arguto ou inteligente para ser capaz de tal feito. Bem, o que resta: em primeiro lugar ler o livro de Saramago (quando o lermos voltaremos aqui); e em segundo lugar, baseando-se apenas em e em orelhas de livros e comentários de amigos incautos e sem fé, já é hora de dizê-lo sem mais, uma PROPOSTA: Lucidez.

Seja recifense ou não, o voto em branco ou nulo é nossa bandeira, irrefutável e irrestrita. Honestamente, não sabemos bem qual é a melhor opção, espero que os leitores esclareçam isso (a nós inclusive).

A fórmula é bem simples, e reponde a inquietude do velho Marx ou Lênin, ou mesmo de Sócrates (sempre esqueçemo-nos dos donos das palavras de ordens), mas o chavão é mais ou menos: O que fazer? Agora, dois séculos (ou dez) depois podemos, sem pejo, medo ou dúvida, responder:

O que fazer?

A política da lucidez exige que façamos cada vez mais menos, que precisemos cada vez de menos dos demais.

Cada vez mais de menos: menos instituições e suas inextrincáveis redes de burocracia; menos famílias e sua labiríntica fábrica de neuroses e transtornos; menos pessoas, e suas pesarosas e inconvenientes companhias; menos trabalho, e sua devida carga de servidão; menos escolas, e a inocuidade nos tempos de infância, desperdiçados sob o pés de professores e demais mestres do inútil; menos jornais, e sua infindável trama de novidades sem sabor, etc., etc...

Quem sabe um dia chegaremos a Utopia de um Homem Cansado, ou a Cegueira definitiva, clara, límpida e pura.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Mínimas Anisíacas

"Todo o problema se concentra no fato em que sentimos o peso do nosso corpo até mesmo deitados."

Escritos Anisíacos: s/d, s/d

terça-feira, setembro 16, 2008

Vomitório - Para meio professor meio aluno basta! Esta bandeira o Aberrablog apoia.

Ao cursar algumas disciplinas no Centro de Educação da UFPE, sempre tive problemas com alguns professores. E, isso se deve a muitos fatores. Um deles é a prática corriqueira de parte significativa dos professores daquele Centro (devo deixar bastante claro que não são todos) em buscar em suas aulas extrair dos alunos suas impressões, suas experiências e suas opiniões.

Não acho que sala de aula seja um ambiente onde deva imperar a “democracia”, pois se os professores estão interessados nas experiências e nas opiniões dos alunos, que as conheçam em conversas extra-sala.

Sou favorável ao modelo de Aula Magistral: professor na frente do quadro, livro-texto lido em casa pelo aluno, que deve estar na frente do professor, ouvindo o que este tem a dizer. Quando digo “aula magistral”, estou dizendo no sentido mesmo que parte significativa dos professores do Centro de Educação parece repudiar.

Com uma sutil diferença do modelo clássico de aula magistral, onde os alunos deviam abaixar a cabeça, e nem sequer tirar dúvidas. Penso que tirar dúvidas deveria ser o máximo permitido aos alunos - como renovação de certo modelo magistral, que privilegiasse a transmissão intensa dos conhecimentos dos professores aos seus alunos.

Em sua maioria, percebo que existe uma idéia de que a democracia deve se exercer dentro de sala de aula, elevando os alunos ao status de “professores colaboradores”.

Acredito que esta é uma fórmula equívoca encontrada por alguns professores para “fugir” dos seus deveres de ensinar, assumindo uma postura que pretensamente se “legitima” em princípios democráticos do saber colaborativo, edificando uma falácia de que este modelo trará “acontecimentos” à aula.

Poucas vezes vi tais acontecimentos… No geral, sempre uma panacéia de estórias de experiências pessoais que nada contribuem, ou falações óbvias sobre aquilo que já está dito no texto, numa clara demonstração vaidosa por parte dos alunos de que “eles leram” o texto.

As “experiências pessoais” em sala de aula pouco colaboram. Assim eu penso, e já me senti angustiado muitas vezes quando os colegas de classe começavam a fazer suas miraculosas narrativas pessoais que pouco ou nada acrescentavam à aula, senão na perda de tempo dela, numa fórmula clara de os professores fazerem “passar” mais rápido aquele momento - que poderia ser bem mais proveitoso caso os professores se esforçassem em se reciclar, no sentido de trazer novos conteúdos adquiridos por eles em suas leituras e debates extra-classe.

Aqui entram os bons professores: aqueles que não se deixam esquivar do momento precioso da aula, com a prática de leitura em sala. Leitura se deve fazer em casa (ou mesmo no bar - desde que fora da sala de aula). Em aula, no máximo leituras de trechos e/ou citações.

No caso das apresentações de seminários, a situação se inverte e os alunos devem assumir essa postura magistral, reservando, caso achem necessário, um momento após a apresentação para realizar algum debate. Desde que os seminários não ocupem metade ou mais da metade do semestre - a não ser nas disciplinas de prática de ensino.

Não acho correto depositar nos alunos a responsabilidade de acrescentar conteúdos à aula. Assim como não acho correto os professores perguntarem o que os alunos estão achando da aula - ou, o que é pior, fazer “repetecos” da aula anterior, fomentando “debates” sobre aquela aula que passou, conduzindo a aula presente a lugar nenhum.

Acredito que os debates devam acontecer fora da sala de aula, no seio da sociedade, nas instâncias propícias, após as palestras, nas instituições públicas, em fóruns, nos corredores da Universidade, em casa, em roda de amigos, nos bares, etc.

Menos na sala de aula. Ali, deve-se ouvir o que o professor tem a dizer. E, se o aluno discorda, não tem que bater de frente com o professor. Que o aluno tome nota de sua crítica, e construa seu pensamento para defendê-lo do lado de fora - na sociedade.

Já tive discussões muito desgastantes com professores dentro da sala de aula, quando me perguntaram “o que estava achando da aula”, e eu disse categoricamente que apenas estava ali para ouvir o que ele tinha a dizer, e que não tinha nada a acrescentar, que a aula era dele. Um desses professores (que, óbvio, não citarei os nomes) não gostou de minha atitude e ficou furioso comigo, iniciando uma verdadeira perseguições o resto do semestre. Ora, se perguntou, então estivesse preparados para ouvir, seja lá o que for.

Não quero generalizar, nem vou citar nomes, mas isso aconteceu mais de uma vez comigo no Centro de Educação, e também com vários amigos meus que por lá passaram ou ainda estão.

Isso não é uma exceção, é quase regra - infelizmente. Exceção são os professores de verdadeiro conteúdo, que buscam artimanhas para ganhar tempo de aula (ou perder?), tão bons que os alunos espontaneamente se calam para ouvi-los. E, estes também existem no CE, claro.

No modelo de aula magistral que defendo, os professores falam, os alunos ouvem, e, no máximo, tiram algumas dúvidas. Sem preencherem as aulas com leituras que deveriam ser feitas com antecedência, nem operando críticas ao que for exposto pelo professor no momento da aula. Que as críticas sejam levadas para fora, pois são muito importantes - e o silêncio em sala de aula não significa necessariamente ausência de pensamento crítico, significa respeito ao professor e aos demais colegas de classe.

Sou contrário ao “modelo democrático-colaborativo” de aula. Para mim, aluno é aluno, professor é professor, e este deve exercer sua autoridade baseada em seus conhecimentos - que se conquista, sobretudo, pela admiração dos alunos a ele, muitas vezes resultado da capacidade profissional.

As críticas que operei neste texto podem parecer absurdas aos olhos de alguns. Pretensiosas aos olhos de outros. Admiráveis aos olhos de outros mais. De minha parte, digo apenas que é o que penso. E, assim pensando, expresso-o exercendo meu direito de liberdade de expressão. O direito de discordância dos leitores também está reservado e garantido, na seção de comentários logo abaixo, ou no pensamento.

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* Sugiro a leitura do verbete Professor, da entrevista intitulada Abecedário de Deleuze, que começa na página 31 do pdf. que vocês podem acessar clicando aqui.

Postagem extraída do Blog Acerto de Contas, escrita por André Raboni, o link

quinta-feira, agosto 21, 2008

Oceano de plástico

São produzidos anualmente cerca de 100 milhões de toneladas de plástico e cerca de 10% deste total acabam nos oceanos, sendo que 80% desta fração vem de terra firme. No oceano pacífico há uma enorme camada flutuante de plástico, que já é considerada a maior concentração de lixo do mundo, com cerca de 1000 km de extensão, vai da costa da Califórnia, atravessa o Havaí e chega a meio caminho do Japão e atinge uma profundidade de mais ou menos 10 metros . Acredita-se que haja neste vórtex de lixo cerca de 100 milhões de toneladas de plásticos de todos os tipos. Pedaços de redes, garrafas, tampas, bolas , bonecas, patos de borracha, tênis, isqueiros, sacolas plásticas, caiaques, malas e todo exemplar possível de ser feito com plástico. Segundo seus descobridores, a mancha de lixo, ou sopa plástica tem quase duas vezes o tamanho dos Estados Unidos:



O oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, que pesquisa esta mancha há 15 anos compara este vórtex a uma entidade viva, um grande animal se movimentando livremente pelo pacifico. E quando passa perto do continente, você tem praias cobertas de lixo plástico de ponta a ponta. A bolha plástica atualmente está em duas grandes áreas ligadas por uma parte estreita. Referem-se a elas como bolha oriental e bolha ocidental. Um marinheiro que navegou pela área no final dos anos 90 disse que ficou atordoado com a visão do oceano de lixo plástico a sua frente. 'Como foi possível fazermos isso?' - 'Naveguei por mais de uma semana sobre todo esse lixo'. Pesquisadores alertam para o fato de que toda peça plástica que foi manufaturada desde que descobrimos este material, e que não foram recicladas, ainda estão em algum lugar. E ainda há o problema das partículas decompostas deste plástico. Segundo dados de Curtis Ebbesmeyer, em algumas áreas do oceano pacifico podem se encontrar uma concentração de polímeros de até seis vezes mais do que o fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha.



Segundo PNUMA, o programa das nações unidas para o meio ambiente, este plástico é responsável pela morte de mais de um milhão de aves marinha todos os anos. Sem contar toda a outra fauna que vive nesta área, como tartarugas marinhas, tubarões, e centenas de espécies de peixes. E para piorar essa sopa plástica pode funcionar como uma esponja, que concentraria todo tipo de poluentes persistentes, ou seja, qualquer animal que se alimentar nestas regiões estará ingerindo altos índices de venenos, que podem ser introduzidos, através da pesca, na cadeia alimentar humana, fechando-se o ciclo, na mais pura verdade de que o que fazemos à terra retorna à nós, seres humanos.



Copiado de http://www.malvados.com.br/, que retirou dos sites do Greenpeace, The Independent e Mindfully.org.