terça-feira, julho 13, 2010

Vegetariano, o outro lado (Mitchell & Webb)

Clube do Apito Final

Por Ricardo Laganaro

No salão de festas da sede do Ameriquinha carioca um evento secreto é realizado todo ano de Copa, assim que acaba a competição mais comentada em todo planeta.

O primeiro a chegar sempre é o presidente. O beija-flor, o dono da solucionática e do gol de velotrol : Dadá Maravilha. Fundador do clube e titular vitalício da cadeira. Normalmente chega acompanhado do vice. Debochado, de risada alta e andar malandro: Paulo César Caju.

Juntos, ambos começam o ritual de montagem da cerimônia. Posicionando as mesas em forma de “U”, preparando as plaquinhas com o nome de cada integrante e trazendo o tão esperado telão.

Nesse ano, na seqüência, chegou meio tímido e deslocado, Luizão. Acho que nem ele ainda se convenceu que faz parte do seleto grupo, mas foi convocado em 2002, não tinha como excluí-lo. De qualquer forma, chegou cedo e ajudou na preparação com muita boa vontade.

A “diretoria” veio depois com Viola, Edmundo e Renato Gaúcho. Formada pelos 3 cavaleiros que tiveram a maior honra pra um integrante do Clube: entrar nos minutos finais de uma partida com o destino já sacramentado, pra tentar o impossível.

Aí a coisa animou, entre os abraços e cumprimentos, quando se deram conta, todos estavam lá. Aqueles que já foram citados, além do Casagrande, Fred, Denílson e Roberto Dinamite.

Todos estavam loucos para começar o ritual de assistir e comentar suas rápidas participações nas Copas do Mundos, mesmo que apenas sentados no banco, dando entrevistas para canais menos favorecidos pela CBF, ou (a glória!!) entrando no final, com mais vontade que todos os jogadores em campo e dando demonstrações como aquela dura no Rivaldo na final de 98 (Fair Play uma hora dessas?!?!), ou numa jogada que quaaase definiu a parada sem precisar de pênaltis em 94.

No momento que todos sentaram, como que por mágica, chegou o homenageado da noite : Grafite. Ainda abatido com o pífio desempenho da seleção contra a Holanda, mas emocionado ao ver aquelas grandes figuras do futebol brasileiro o aplaudindo. Entregou para o Fred, ex-calouro, um dvd com seus momentos na Copa e sentou no seu lugar pra ouvir as histórias dos colegas, ansioso.

Aos poucos todos foram se posicionando, e num momento inesperado o foco de luz foi então para a mesa da presidência. Após uma ou outra piada sobre médios-volantes e zagueiros, um clássico por lá, Dadá pediu a palavra:

- Amigos! Antes de fazermos o de sempre, gostaria de dizer algumas frases. Estamos aqui mais uma vez reunidos pra celebrar a continuação desse clube. Não somos os craques do time. Não somos quem levanta a taça, e nem aqueles que levam a bola de ouro. Somos mais do que isso! Somos o ilógico, o irracional. Somos o clube dos atacantes reservas, o clube do último suspiro, o clube da espera de um milagre, o nosso querido “Clube do Apito Final”. – aplausos – Não importa o que aconteça com a seleção nas eliminatórias e na primeira fase da Copa, é sempre no final angustiante de um jogo decisivo que nosso clube ressurge. São nesses minutos finais que o atacante reserva se transforma na vontade do povo materializada! Nesses instantes que até cego vê que só um de nós pode fazer todo país acreditar que o que já tá escrito, pode mudar. E você, meu querido, Grafite, sinta-se honrado de estar aqui. Num vai fazer como o Fenômeno que veio um ano, e depois esqueceu que era um dos nossos, heim!? Porque o que representamos aqui é muito maior do que qualquer título, não é Dinamite?

- Mesmo com 6 volantes, mesmo falando que o Brasil só tem guerreiros, ou qualquer outra bobagem desse tipo, o dia que a seleção brasileira não tiver um de nós no banco de reservas, aí sim pode ter certeza que o Futebol acabou! Porque quem nos convoca não é o técnico. Quem nos convoca é a voz de Deus.

– Ou o Médici, gritou o Casão, em tom de brincadeira.

Dadá, emocionado, continuou: – Que venham os novos Zagallos, os novos Parreiras e os novos, Deus que me perdoe, Dungas! Enquanto um dos nossos tiver lá sentado, no jogo final, pronto pra lembrar pro Brasil inteiro que a magia é a última salvação da seleção, o Brasil ainda continuará a ser o País do Futebol. Não importa o resultado do jogo. Muito obrigado!

Aplausos e assovios!

Bem mais emocionado que de costume, Dadá chorou. Com razão. Reza a lenda que antes da convocação dessa copa cogitaram até em suspender o evento. Foi por pouco … Muito pouco …

(Ricardo Laganaro, publicitário, cronista semi-amador, palmeirense e fã do bom futebol brasileiro.)

http://blogdotorero.blog.uol.com.br/

domingo, julho 04, 2010

SACO, a nova doença brasileira

"E desde quando ele está assim, fora do ar?", perguntou o dr. Nestor, olhando para aquele homem com olhar esgazeado, cabeça inclinada para o lado e nenhum movimento nos braços e nas pernas.

"Desde agora de manhã, doutor", respondeu Rosa, a esperançosa, esposa de Alaor, o torcedor. "Ele terminou de ler o caderno de esportes e, de repente, pluft, eu vi que ele tinha entornado a xícara de café."

"Mmm", disse o médico.

"O senhor poderia dar um diagnóstico?"

O médico então levantou, andou em círculos e, quando já estava ficando um pouco tonto, falou: "Ele está com SACO."

"Mas o Alaor sempre esteve com ele e nunca ficou assim."

"Não, minha senhora, SACO é a sigla para "Síndrome de Abstinência de COpa. É uma doença grave, que surge de quatro em quatro anos."

Dona Rosa coçou a cabeça. O médico entendeu que ela não havia entendido e explicou que, até agora, todos os dias da Copa tiveram jogos, e assim criou-se no cérebro dos torcedores uma espécie de dependência neuroquímica. "O que aconteceu com seu marido é que, ao ler o caderno de esportes e ver que nenhum jogo estava programado até sexta-feira, ele entrou num estado catatônico".

"Mas por que não tem nenhuma partida hoje?!"

"Na sexta teremos duas e outras duas no sábado."

"Duas nestes dias e nenhuma hoje?"

"Parece que a tabela foi bolada por uns brasileiros chamados Tico e Teco, que trabalhavam na CBF", explicou o dr. Nestor.

"E enquanto isso, o que eu faço?"

"Vamos tentar um tratamento paliativo: sintonize a tevê nos canais esportivos, que hoje devem transmitir algumas mesas redondas e uns videoteipes; durante as refeições, toque um CD com os hinos dos países da Copa e, se possível, alimente-o só com o que costuma comer em frente à TV: pipoca, batatinhas, cerveja e amendoim japonês."

"Farei isso, doutor. Obrigada."

"Obrigada, não. São R$ 200."

Sem remédio, a doce Rosa fez um cheque e pagou a salgada conta.

Voltando para casa, ela sintonizou um programa esportivo. Uma lágrima caiu pelo seu rosto quando ela viu Alaor mexer alguns dedos da mão direita.

http://blogdotorero.blog.uol.com.br/

terça-feira, maio 11, 2010

Quando a plutocracia demoniza os “fracos”

da introdução do livro War Against the Weak, de Edwin Black

Vozes assombram as páginas de todo livro. Esse livro, em particular, fala em nome dos não-nascidos, em nome daqueles cujas perguntas nunca foram ouvidas — daqueles que nunca existiram.

Através das seis primeiras décadas do século 20, centenas de milhares de norte-americanos e um número não calculado de outros não tiveram a permissão de continuar suas famílias através da reprodução. Selecionados por causa de sua ancestralidade, origem nacional, raça ou religião, eles foram esterilizados à força, erroneamente internados em instituições psiquiátricas onde morreram em grande número, proibidos de casar e algumas vezes “descasados” por burocratas estatais. Nos Estados Unidos, essa batalha para acabar com grupos étnicos foi lutada não por exércitos armados ou por seitas de ódio às margens da sociedade. Em vez disso, essa guerra de luvas brancas foi levada adiante por professores estimados, universidades de elite, ricos industriais e autoridades do governo que se juntaram em um movimento racista e pseudocientífico chamado “eugenia”. O objetivo: criar uma raça Nórdica superior.

Para perpetuar a campanha, fraude acadêmica generalizada combinada com filantropia corporativa sem limites estabeleceram as razões biológicas para a perseguição. Empregando um amálgama de achismos, fofoca, informação falsificada e arrogância acadêmica polissilábica, o movimento pela eugenia lentamente criou uma burocracia nacional e uma infraestrutura jurídica para limpar os Estados Unidos dos “unfit”. Testes de inteligência, coloquialmente conhecidos como QI, foram inventados para justificar a prisão de um grupo definido como “feebleminded”. Frequentemente os assim chamados eram apenas tímidos, de boa fé para serem levados a sério, falavam os idiomas “errados” ou tinham a cor da pele “errada”. Leis de esterilização forçada foram aprovadas em vinte e sete estados para evitar que indivíduos-alvo produzissem mais gente de seu tipo. Leis de proibição do casamento proliferaram nos Estados Unidos para evitar a mistura de raças. Litígios foram levados até a Suprema Corte, que aprovou a eugenia e suas táticas.

O objetivo imediato era esterilizar imediatamente 14 milhões de pessoas nos Estados Unidos e mais alguns milhões no mundo — o “décimo mais baixo na escala social” — e assim continuamente eliminar o décimo “inferior” até restar apenas uma super-raça Nórdica. No fim das contas, 60 mil norte-americanos foram esterilizados à força e o total pode ser muito maior. Ninguém sabe exatamente quantos casamentos foram evitados pelas leis estaduais. Embora muito da perseguição tenha sido simplesmente resultado de racismo, ódio étnico ou elitismo acadêmico, a eugenia vestiu o manto de ciência respeitável para esconder seu verdadeiro caráter.

As vítimas da eugenia eram moradores pobres de áreas urbanas e o “lixo branco” da zona rural, da Nova Inglaterra à Califórnia, imigrantes que chegavam da Europa, negros, judeus, mexicanos, indígenas, epiléticos, alcoólatras, batedores de carteira e doentes mentais ou qualquer um que não se enquadrasse no ideal Nórdico dos loiros de olhos azuis que o movimento da eugenia glorificava.

A eugenia contaminou muitas outras causas sociais, médicas e educacionais nobres, do movimento pelo controle da natalidade ao desenvolvimento da psicologia ao movimento pelo saneamento urbano. Psicólogos perseguiram seus pacientes. Professores estigmatizaram seus alunos. Associações de caridade pediram para mandar aqueles que pediam ajuda para câmaras da morte que esperavam ver construídas. Escritórios de apoio à imigração conspiraram para mandar os mais necessitados para programas de esterilização. Líderes da oftalmologia conduziram uma longa campanha para perseguir e esterilizar à força todos os parentes de todos os americanos com problemas na visão. Tudo isso aconteceu nos Estados Unidos anos antes da ascensão do Terceiro Reich na Alemanha.

A eugenia tinha como alvo a Humanidade, assim seu escopo era global. Os evangelistas da eugenia provocaram movimentos similares na Europa, na América Latina e na Ásia. Leis de esterilização forçada apareceram em todos os continentes. Cada estatuto ou regra da eugenia — da Virgínia ao Oregon — foi promovida internacionalmente como mais um precedente para incentivar o movimento internacional. Uma pequena e fechada rede de jornais médicos ou proponentes da eugenia, encontros internacionais e conferências mantiveram os generais e os soldados do movimento em dia e armados para tirar proveito da próxima oportunidade legislativa.

Eventualmente, o movimento de eugenia dos Estados Unidos se espalhou para a Alemanha, onde causou fascínio em Adolf Hitler e no movimento nazista. Sob Hitler, a eugenia foi muito além do sonho de qualquer eugenista norte-americano. O Nacional Socialismo transformou a busca americana por uma “raça superior Nórdica” na busca de Hitler por uma “raça ariana superior”. Os nazistas gostavam de dizer que “o Nacional Socialismo não é nada mais que biologia aplicada”, e em 1934 o Richmond Times-Dispatch publicou a frase de um proeminente eugenista norte-americano segundo a qual “os alemães estão nos derrotando em nosso próprio jogo”.

A eugenia nazista rapidamente venceu o movimento norte-americano em velocidade e ferocidade. Nos anos 30, a Alemanha assumiu a liderança do movimento internacional. A eugenia de Hitler teve o apoio de decretos brutais e das máquinas de processamento de dados da IBM, de tribunais de eugenia, programas de esterilização em massa, campos de concentração e do virulento antissemitismo biológico — tudo com aprovação aberta dos eugenistas norte-americanos e de suas instituições. Os aplausos diminuiram, mas apenas relutantemente, quando os Estados Unidos entraram em guerra em dezembro de 1941. Então, sem que o mundo soubesse, os guerreiros da eugenia alemães operavam campos de exterminio. Eventualmente, a loucura da eugenia alemã levou ao Holocausto, à destruição dos ciganos, ao estupro da Polônia e à dizimação da Europa.

Mas nada do racismo científico dos Estados Unidos teria se espalhado sem apoio da filantropia corporativa.

Nestas páginas você vai conhecer a triste verdade sobre como as razões científicas que levaram aos médicos assassinos de Auschwitz foram primeiro formuladas em Long Island, no laboratório de eugenia da Carnegie Institution em Cold Spring Harbor. Você descobrirá que no regime de Hitler antes da guerra, a Carnegie, através de seu complexo de Cold Harbor, propagandeava de forma entusiasmada o regime nazista e distribuia filmes antissemitas do Partido Nazista em escolas dos Estados Unidos. E você vai descobrir as ligações entre os grandes aportes financeiros da Fundação Rockefeller e o establishment científico alemão, que deram início aos programas de eugenia que resultaram em Mengele em Auschwitz.

Só depois que a verdade sobre os campos de extermínio nazista se tornou pública o movimento americano pela eugenia perdeu força. Instituições de eugenia dos Estados Unidos correram para trocar o nome, de “eugenia” para “genética”. Com sua nova identidade, o que restou do movimento se reinventou e ajudou a estabelecer a moderna e iluminada revolução da genética humana. Embora a retórica e os nomes tenham mudado, as leis e os modos de pensar ficaram em seu lugar. Assim, décadas depois que o julgamento de Nuremberg rotulou os métodos da eugenia de genocídio e crime contra a humanidade, os Estados Unidos continuaram a esterilizar à força e a proibir casamentos “indesejáveis”.

Comecei dizendo que este livro fala em nome dos nunca nascidos. Também fala em nome das centenas de milhares de refugiados judeus que tentaram escapar do regime de Hitler mas tiveram os pedidos de visto negados pelos Estados Unidos por causa do ativismo abertamente racista da Carnegie Institution. Além disso, estas páginas demonstram como milhões foram assassinados na Europa precisamente porque foram rotulados como formas inferiores de vida, que não valia a existência — uma classificação criada nas publicações e pesquisas acadêmicas da Carnegie Institution, certificadas através de financiamentos da Fundação Rockfeller, validadas por acadêmicos das melhores universidades da Ivy League e financiadas pela fortuna ferroviária da família Harriman. A eugenia não foi mais que a filantropia corporativa “gone wild”.

Hoje, enfrentamos o retorno potencial da discriminação da eugenia, não sob bandeiras nacionais ou credos políticos, mas em função da ciência do genoma humano e da globalização corporativa. Declarações diretas de domínio racial estão sendo substituídas por campanhas de relações públicas e patentes. O poderoso dólar pode em breve decidir quem fica de que lado na “divisão genética” já em demarcação pelos ricos e poderosos. Quando estamos a caminho de um novo horizonte, confrontar nosso passado pode nos ajudar a enfrentar o futuro que nos espera.

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/quando-a-plutocracia-demoniza-os-fracos.html

terça-feira, abril 13, 2010

Mais uma vez, o Senhor aprontando as suas!

Como é que se adiciona vídeos do youtube aqui?
Como não consegui vai o link:

http://www.youtube.com/watch?v=P9Km7opCmlI&feature=player_embedded

Sei que é tediosa a repetição das aberrações da Igreja, do Senhor, do Satanás, etc. Mas esse vídeo (com o link acima) é realmente fantástico. Uma aula de retórica contemporânea, de uma eficiência persuasiva tamanha que até mesmo o sr. Bispo reconhece: "é forte né?"

Ainda há a análise sobre criminalidade da polícia contra as igrejas, que é exemplar. Mas não vou comentar muito para não estragar.

Por último gostaria de tirar um sarro com Miranda, que escreveu um post sobre o risco da banalidade do Mal, e dizer-lhe que temo muito mais a banalidade do Bem.

Saudações Anísicas

segunda-feira, abril 12, 2010

Fitter Happier

Fitter, happier, more productive, comfortable, not drinking too much, regular exercise at the gym (3 days a week), getting on better with your associate employee contemporaries, at ease, eating well (no more microwave dinners and saturated fats), a patient better driver, a safer car(baby smiling in back seat), sleeping well (no bad dreams), no paranoia, careful to all animals(never washing spiders down the plughole), keep in contact with old friends (enjoy a drink now and then), will frequently check credit at (moral) bank (hole in the wall), favors for favors, fond but not in love, charity standing orders, on Sundays ring road supermarket (no killing moths or putting boiling water on the ants), car wash (also on Sundays), no longer afraid of the dark or midday shadowsnothing so ridiculously teenage and desperate, nothing so childish - at a better pace, slower and more calculated, no chance of escape, now self-employed, concerned (but powerless), an empowered and informed member of society (pragmatism not idealism), will not cry in public, less chance of illness, tires that grip in the wet (shot of baby strapped in back seat), a good memory, still cries at a good film, still kisses with saliva, no longer empty and frantic like a cat tied to a stick, that's driven into frozen winter shit (the ability to laugh at weakness), calm, fitter, healthier and more productivea pig in a cage on antibiotics.

by Radiohead

terça-feira, março 16, 2010

CCC

Na época em que os milicos davam as suas botinadas, um grupo de civis fazia uma caça muito peculiar...

É o que traz a - ultra requentada - reportagem impressa na falecida revista O Cruzeiro de 1968.

Clique nas imagens para ampliar.














p.s.: Retirado sem autorização do Cloaca News.

How not to be seen

domingo, janeiro 03, 2010

Sachsenhausen


Nunca visitei um campo de concentração. Eis que surgiu uma oportunidade. Alguns conhecidos já haviam me advertido da atmosfera pesada e opressiva desses lugares. A visita a uma casa da Gestapo (NS Dokumentationszentrum) em Colônia já tinha produzido em mim um profundo pesar e amargor após três horas de informações sobre a inumanidade do humano. Difícil de acreditar.

Sachsenhausen produziu algo semelhante. Mas dessa vez o que mais me incomodou não foi apenas o lugar e os crimes ali cometidos. Foi a indiferença de visitantes – turistas como eu – que conversavam alegremente e posavam para fotos. O memorial judeu em Berlim já havia deixado essa mesma inquietude, quando turistas italianos – e não somente eles – corriam, deitavam e sorriam nos blocos de concreto que estavam lá com o propósito de reflexão. A banalização do mal que H. Arendt apregoou como marca dos anos daquela guerra está presente. Talvez nunca tenha deixado de existir. Mesmo antes da guerra que mostrou do que os seres humanos seriam capazes de fazer a seus semelhantes.