quinta-feira, setembro 25, 2008

Ensaio Sobre a Lucidez

Já há algum tempo deveria ter escrito algo sobre isto. Em verdade, uma confissão nunca está sozinha. Não o fiz até então, pelo simples fato de não ter lido o livro. No entanto, a realidade (não acredito quando escrevo essa palavra que sou capaz de dizer tal coisa) exige, tal um velho imperativo categórico, que, deixe de me pronunciar em “me”, tal o alcance e aberrância do fato.

Portanto, nós do blog Aberração temos de nos manifestar sobre a cassação da candidatura de João da Costa. Como sempre, nosso intuito não é nos manifestar contra ou a favor, menos ainda é analítico-crítico como esperam alguns. Não trataremos sequer do caráter epistemológico ou menos ainda o judicial; bem como evitaremos qualquer menção ao que pode representar simbolicamente tal ou qual gesto.

O que resta então? Pode retrucar um leitor, nem precisa ser arguto ou inteligente para ser capaz de tal feito. Bem, o que resta: em primeiro lugar ler o livro de Saramago (quando o lermos voltaremos aqui); e em segundo lugar, baseando-se apenas em e em orelhas de livros e comentários de amigos incautos e sem fé, já é hora de dizê-lo sem mais, uma PROPOSTA: Lucidez.

Seja recifense ou não, o voto em branco ou nulo é nossa bandeira, irrefutável e irrestrita. Honestamente, não sabemos bem qual é a melhor opção, espero que os leitores esclareçam isso (a nós inclusive).

A fórmula é bem simples, e reponde a inquietude do velho Marx ou Lênin, ou mesmo de Sócrates (sempre esqueçemo-nos dos donos das palavras de ordens), mas o chavão é mais ou menos: O que fazer? Agora, dois séculos (ou dez) depois podemos, sem pejo, medo ou dúvida, responder:

O que fazer?

A política da lucidez exige que façamos cada vez mais menos, que precisemos cada vez de menos dos demais.

Cada vez mais de menos: menos instituições e suas inextrincáveis redes de burocracia; menos famílias e sua labiríntica fábrica de neuroses e transtornos; menos pessoas, e suas pesarosas e inconvenientes companhias; menos trabalho, e sua devida carga de servidão; menos escolas, e a inocuidade nos tempos de infância, desperdiçados sob o pés de professores e demais mestres do inútil; menos jornais, e sua infindável trama de novidades sem sabor, etc., etc...

Quem sabe um dia chegaremos a Utopia de um Homem Cansado, ou a Cegueira definitiva, clara, límpida e pura.

3 comentários:

  1. Anônimo9:57 AM

    cuidado! mentes ambíguas adeptas do menos pensar podem achar que falastes em votar no menos pior...

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  2. Anônimo2:35 PM

    brancos e nulos não são votos "válidos".

    Mas, vale votar nulo como protesto solitário, silencioso.

    Protesto contra todo funcionamento da máquina político-eleitoral. A saber, epecificamente: o voto obrigatório e o sistema de proporcionalidade, que conduz milhares de picaretas às câmaras e assembléias, pois depois de alcançado o quociente eleitoral, as "sobras" (sim, nosso voto se torna uma so(m)bra!).

    É contra isso que temos q lutar. Contra mais um monte de coisa, em verdade. Mas, pontualmente, isso que falei.

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  3. Anônimo2:41 PM

    Ops... continuando:

    o sistema de proporcionalidade, que conduz milhares de picaretas às câmaras e assembléias, pois depois de alcançado o quociente eleitoral, as "sobras" são distribuídas aos partidos e coligações (caso não haja mais candidatos no mesmo partido).

    Isso é bizarro, como é bizarro também o voto ser obrigatório, como é bizarro não existir tecla "nulo" em nossas "modernas" urnas.

    Bizarra tombém, a propaganda que circula nas TVS e rádios, do Tribunal Superior Eleitoral, que praticamente encanta os eleitores com a idéia de votor a todo custo, desprezando a pção do voto nulo e branco.

    É do tipo: "Não deixe de votar - se não tiver candidato vote na sigla do partido".

    Isso é um absurdo! O TSE se nos mostra um vampiro de nosso espírito! Enfiemos uma faca em seu coração! Seu coração é o voto nulo, não o voto branco.

    No dia 5, meu prefeito: 00 , meu vereador, 00000

    CONFIRMA!

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