terça-feira, abril 15, 2008

Vomitório

Aos pedagogos ou à miséria do narciso recalcado

“Vamos colocar as cadeiras em círculo”; “A minha aula é presencial, não ensino por correspondência”; “Vamos discutir o texto, se vocês não lerem, não poderemos fazer nada”

São frases corriqueiras nos Centros de Educação por aí. E já servem de sobra ao que temos a falar hoje. A iniciar pela crença muito difundida entre os pedagogos que as cadeiras em círculo resolverá de uma vez por todas, apenas com a disposição geográfica dos alunos, todos os problemas de autoridade na sala de aula. A disposição indica também um rebaixamento do professor em mais de um sentido, este, não ficará mais no púlpito á falar, falar e falar à platéia silenciosa, mas, ao contrário, o mediador (pois, não se sente bem com o título de professor) estará no mesmo nível dos alunos. Ótimo a primeira vista, mas... se ele não tem nada a ensinar, a não ser como mediador de uma discussão, que no mais das vezes não possuirá pé nem cabeça, início, meio, a e até mesmo conteúdo, só me resta a pergunta: o que raios ele está fazendo ali? E o pior, o que eu estou fazendo ali? E ainda, se ele quer eliminar o temível poder do professor, porque ainda faz chamadas? e provas?

Questão que está intimamente ligada ao non sense da segunda proposição, da aula presencial, o professor-facilitador, coitado, está em crise. Quando ele parece aceitar sua inutilidade, volta atrás, e pede atenção, “não faltem, venham ouvir e falar, por mais que não seja nada, não deixem de vir.” Implora, clama, quase chora. O questionamento feito sobre a primeira proposição já basta para esta. Para ouvir as experiências dos meus colegas não viria a aula, mas antes a um bar, a rua, ou a casa deles mesmo. Mas, ainda sobre os colegas e sua disposição à fala, meu Deus por quê? Não deixo de perguntar. E falam do vizinho, do filho da irmã, do primo, sempre tem algo de bom, algo de moral, uma verdadeira lição para extrair de uma fala... nossa, é difícil para mim continuar, é muita miséria. E o saber, seja psicologia, pedagogia, história ou qualquer outro, que inicialmente era o tema da aula, cadê? Onde está? O que houve? Onde foi parar? É fácil responder, saiu correndo envergonhado a vista de senso mais que comum.

Para encerrar logo isso: discutir o texto. Na verdade tudo se enlaça, pois, a concepção de aula dos coitados, é mais ou menos a seguinte: os alunos não são tábulas rasas, e sim temos dentro de nós algo de muito interessante a falar, e nesse diálogo estaríamos sim construindo o conhecimento. E preciso avisá-los, e me espanta, será que ninguém disse isso a eles antes, que o que está se construindo ali e tão somente a afirmação do senso comum com leves ares de pseudociência.

Continuar-se-á

2 comentários:

  1. hehehehe, lá vai: agora são 2...

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  2. Anônimo7:59 PM

    embora eu concorde com algumas das análises feitas... preciso destacar: a miséria não é apenas dos Centros de Educação e afins... o Ensino vai mal, pra quem discute ensino e pra quem não discute.

    mas... continue! Excelente discussão!

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