Assisti hoje "Cada um com seu cinema", o filme comemorativo dos 60 anos de Cannes... 33 curtas com 3 minutos cada. Vários nomes famosos, aquela sensação de cumplicidade idiota que a gente tem em ver o experimentalismo de nomes consagrados e outros nem tanto...
Quase todos os filmes passam-se dentro de salas de cinema. Muito lirismo, comédia, algumas forçassões de barra, algumas coisas bregas... enfim. Um belo passeio pelo mundo, várias línguas - chinês, vietnamita (acho!), inglês, árabe, francês, português, dinamarquês, russo, hebraico, italiano...
Os discursos sobre cinema são fantásticos. Em foco a experiência do assistir, do espectador, o que aumenta a cumplicidade. Muitos olhos lacrimejantes, muitas cenas de cinema em lugares remotos trazendo as imagens do progresso, do sucesso... um banho de cultura ocidental no mundo oriental... o cinema transformador, o cinema conector, o cinema como expressão da alma humana.
Você quase se convence de que o cinema é o redentor do mundo... até que o sucicídio do último judeu do mundo no último cinema do mundo oferece o futuro... tempo real, reallity show... e o que é então cinema e o que é realidade? O que são estas emoções todas que o cinema nos transmite? O que é assistir filmes de guerra depois de décadas de guerra civil?
Vale muito assistir "Cada um com seu cinema"... e ser tomado pela cúmplice, melancólica e contraditória sensação de ser um cosmopolita cabeça num mundo sem salvação...
ANTIMERITOCRÁTICO
Há 2 meses
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