No Banco

Cheguei ontem ao banco, eu estava já puto, com tudo e com cara de poucos, ou melhor, de nenhum. Acho que estou com crise de abstinência. Descobri que eu estava no lugar certo: todos estavam se não igual a mim, pior. Muitos praguejavam, outros se lamuriavam, uns até mais cínicos, que tiravam brincadeira com a miséria. Sim , no entanto estava eu lá com a mesma cara, mas por dentro um sorriso absurdo; puta que pariu, estou num lugar onde ninguém sorri. Não, exagero meu, da moça que ia e vinha com os papeis, até que vinha um sorriso agradável de que tinha posto o aparelho novo e que agora tem a esperança de, eu acho, tirar alguns dentes. Que o problema me pereceu, assim como um leigo: excesso de dentes. Sai. Não ótimo, mas talvez, melhor um pouco. Como uma sessão de descarrego, uns minutos de fúria. Com certeza um sentimento de inutilidade diante o sistema, porque nos deixamos controlar assim? Aí, logo volta a merda...